HES realiza 2ª neurocirurgia com paciente acordada para retirada de tumor cerebral

O Hospital Estadual Sumaré – HES realizou com sucesso a segunda neurocirurgia para ressecção (extração) de tumor cerebral com paciente […]

Autor: admin

O Hospital Estadual Sumaré – HES realizou com sucesso a segunda neurocirurgia para ressecção (extração) de tumor cerebral com paciente acordada, no interior do Estado de São Paulo. A cirurgia de alta complexidade foi realizada na última sexta-feira (26/5), com uma paciente de 21 anos, natural de Minas e moradora de Hortolândia, que tinha um tumor cavernoma da área motora. Sem a cirurgia a paciente poderia ter o comprometimento de seus movimentos. Durante quatro horas uma equipe formada por oito especialistas realizou o procedimento com equipamentos específicos para esse tipo de cirurgia, como ultrasom intra-operatório e neuroestimulador cerebral, que auxiliaram na extração do tumor.

Segundo o responsável pela cirurgia, o neurocirurgião Marcos Vinicius Calfat Maldaun, a paciente apresentava constantes dores de cabeça e risco de comprometimento da fala devido a expansão do tumor. Nesta segunda cirurgia, comenta Marcos, apesar do tumor ser menor que o retirado na primeira cirurgia, ele estava mais profundo e próximo a áreas críticas do cérebro. “Foi muito bem sucedida a cirurgia, sem qualquer intercorrência”, diz Marcos Madaun, que é Ph.d nesse tipo de procedimento pelo Anderson Cancer Center em Houston, Texas e realiza esse tipo de procedimento no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

A cirurgia com a paciente acordada é devido à localização do tumor em uma importante área do sistema nervoso central. “Nas cirurgias convencionais, em que o paciente está anestesiado, não é possível localizar as áreas essenciais por estar imóvel. Com isso, o risco de seqüelas tanto na fala, quanto no movimento são muito grandes”, esclarece Marcos. Uma vez a paciente estando acordada é possível através da estimulação e testes neurolinguísticos precisar a extensão do tumor para retirá-lo integralmente e fazer um mapeamento de forma a não comprometer as regiões sensíveis.

Segundo o médico anestesista Airton Teixeira, o procedimento consiste em sedação leve da paciente com anestesia local no couro cabeludo e com a retirada de osso (craniotomia). Em seguida, a equipe realiza um exame de ultrasom sobre a superfície do cérebro para o mapeamento preciso do tumor e suas áreas de abrangência, tudo com o paciente acordado que faz testes de linguagens conversando com a equipe médica. “Ela conversou bastante com a equipe e detalhando inclusive, projetos futuros como vender sua moto Biss azul com aros cor de rosa após ter alta”, destacou Airton que foi o anestesista responsável e coordenador dos testes neurolinguísticos durante a cirurgia.

A próxima etapa é a estimulação das várias partes do cérebro expostas com mapeamento funcional (neuroestimulador), onde se identifica quais áreas correspondem ao centro da fala e do movimento. Somente após essas etapas é que de fato começa a extração do tumor, com a preservação integral dessas áreas e com a manutenção de um diálogo permanente com a paciente. Terminada a extração do tumor, a paciente é novamente sedada para recolocação do osso do crânio (preservado em uma solução especial durante a cirurgia) e suturada.

Esse tipo de um procedimento de alta complexidade tem um custo estimando em torno de R$ 100 mil nos hospitais privados. “Isto prova que é possível se fazer bom uso da verba disponível no SUS. Os recursos existem e o que se precisa é boa vontade”, atestou o diretor clínico do HES, o neurocirurgião Helder José Lessa Zambeli, diretor clínico do HES. De acordo com Zambelli a previsão é ampliar esse tipo de procedimento com novos treinamentos multidisciplinares e realizar até o final do ano, oito cirurgias dessa complexidade, já que é a única alternativa para pacientes com essa anomalia. A paciente terá alta nesta terça-feira (30/5).