Autoridade mundial em reconstrução da laringe de crianças opera no HES

Uma das maiores autoridades mundiais em reconstrução da laringe em crianças, o professor Phillipe Monnier, da Universidade de Lausanne, na […]

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Uma das maiores autoridades mundiais em reconstrução da laringe em crianças, o professor Phillipe Monnier, da Universidade de Lausanne, na Suiça, realizou no Hospital Estadual Sumaré (HES-Unicamp) três cirurgias-aula de estenose laríngea. Os procedimentos acontecem nesta segunda e terça-feira, a convite do serviço de Otorrinolaringologia do hospital e da disciplina de Otorrinolaringologia da FCM. Uma das principais causas da estenose laríngea em crianças com traqueostomia é a utilização da intubação orotraqueal (IOT) em unidades de terapia intensiva neonatais e pediátricas por longos períodos.

O convite para a vinda do professor Phillipe Monnier (foto) ao Hospital Estadual Sumaré foi da médica otorrinolaringologista, Rebecca Maunsell, que conheceu o médico suíço na Universidade de Lausanne. Monnier veio ao Brasil para ministrar palestras em um evento científico em São Paulo. Para Rebeca, a vinda de Monnier, que é uma referência na Europa e no mundo com inúmeros trabalhos e livros publicados, está sendo de grande aprendizado para todos profissionais e alunos presentes nas cirurgias. “O médico suíço desenvolveu uma técnica cirúrgica própria, bem como os moldes de silicone de diversos tamanhos usados no procedimento”, explica a médica do HES-Unicamp.

Segundo Rebecca Maunsell, o serviço de Otorrinolaringologia começou as cirurgias estenose laríngea em crianças em 2008, totalizando até hoje cinco procedimentos realizados. “A estenose laríngea é uma complicação que afeta toda a família e a resolução do problema é de um valor inestimável para todos, já que a criança voltará a ter uma vida normal”, enfatiza Rebeca. Todas as cirurgias foram bem sucedidas e realizadas em crianças de 1 ano e meio, três anos e cinco anos, durando em média três horas. Todas permaneceram muito tempo entubadas em UTIs e tiveram a laringe danificada.

Ela explica que poucos médicos realizam esse tipo de cirurgia em crianças por ser delicada e interferir em áreas vitais do organismo, como as cordas vocais. “O comum é esperar chegar na fase adulta para realizar esse procedimento”, disse. No entanto, afirma Rebecca, a criança que tem a estenose laríngea passa por várias limitações. “Essa criança passa a infância sem conseguir falar, sem poder nadar, tomar banho de chuveiro ou se alimentar corretamente. Leva essa vida até a fase adulta”, disse.

Para o presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e chefe da disciplina de Otorrinolaringologia da FCM, Agrício Crespo, que acompanha o médico Phillipe Monnier no Brasil – ele veio dar palestras durante o VIII Simpósio Internacional de Otorrinopediatria realizado em São Paulo -, a vinda dele é extremamente proveitosa na orientação dos alunos e residentes.

“A prática é pouco difundida no Brasil e sua técnica é amplamente difundida no mundo é reconhecida pela eficiência”, ressalta Crespo que também acompanhou as cirurgias. De acordo com ele, mais dois médico – um de Goiânia e outro de Porto Alegre – participaram das cirurgias. o Hospital de Clínicas da Unicamp também realiza a cirurgia tradicional de estenose laríngea.

De acordo com Rebeca Maunsell a cirurgia consiste em retirar um enxerto de cartilagem da costela do paciente para a reconstrução da laringe com o uso de um molde próprio trazido pelo médico suíço. “A finalidade da cirurgia é acabar com a traqueostomia e expandir as vias aéreas do paciente que voltará a respirar normalmente”. Ela informa que existem pelo menos 25 crianças em acompanhamento no HES-Unicamp que necessitam desta cirurgia.

A estenose laríngea é definida como um estreitamento em função de uma cicatriz parcial ou completa da laringe, podendo ser congênito ou adquirido. As causas adquiridas podem ser divididas em traumas externos e internos. Dentre os primeiros estão os traumas cervicais em acidentes automobilísticos, as lesões de ciclistas pela colisão com fios de pipa, agressões com objetos corto-contusos ou penetrantes e lesões por sufocação ou enforcamento.

As estenoses causadas por trauma endolaríngeo são principalmente aquelas associadas com IOT prolongada, além de lesões decorrentes do uso das sondas nasogástricas e queimaduras físicas ou químicas. Causas infecciosas como a tuberculose, sífilis, hanseníase, micoses profundas e difteria são raras em nossos dias. Doenças inflamatórias crônicas como sarcoidose, lupus eritematoso sistêmico, doença de Behçet, granulomatose de Wegener, policondrite recidivante, além de pênfigo, amiloidose e epidermólise bolhosa também têm sido associadas com as estenoses laríngeas.

Caius Lucilius com Caroline Roque

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