Ética no serviço público é tema de palestra do HES

Palestra realizada pelo professor da Unicamp Roberto Romano comemora 15 anos do Hospital Estadual Sumaré

Autor: eiji

Em comemoração aos 15 anos do Hospital Sumaré, o professor de ética e filosofia da Unicamp, Roberto Romano, ministrou a palestra “Ética, valores e atitudes corretas”, direcionada aos profissionais e servidores do hospital. Temáticas como a ética no trabalho, moral e o funcionalismo público na saúde foram uns dos assuntos abordados. Aos 69 anos de idade, Roberto Romano é um dos mais respeitados filósofos do País quando o tema é Ética e Filosofia. Passou boa parte de sua vida se debruçando sobre o tema, com muitas histórias e logo no início da palestra citou: ” A democracia sempre é a maior prejudicada quando um partido permanece no poder durante muito tempo”.

Romano explica que muitas das palavras do conceito filosófico, assim como a ética, são derivadas da medicina da Grécia Antiga. “A ética vem, sobretudo na sua parte dinâmica, de um termo chamado hexis que significa postura. E porque postura? Porque a ética aparece justamente no plano dos corpos. Na sociedade grega, que era uma sociedade guerreira, era necessário que você tivesse uma postura correta para a guerra. Posteriormente, o termo passou para o pensamento. Pensar corretamente era tão importante como o que você fazia com o corpo”, aponta.

Apesar de agir com princípios éticos corretos, principalmente ao lidar com público que procura os serviços de saúde, o professor ressalta que cumprir somente os códigos não é apenas a solução para um atendimento de excelência. “Se a pessoa está lidando com o público e a única coisa que ela faz é seguir o regulamento, mas ela não percebe a realidade próxima de cada pessoa, evidentemente este serviço será insatisfatório. Temos que tratar as pessoas sempre como um fim e não como um meio”, finaliza Roberto Romano.

O superintendente do HES, professor Luis Roberto Lopes, destacou as ações do professor Romano junto a Área da Saúde da Unicamp em vários momentos, inclusive durante a implantação do HES e a extinção do Depto. de Medicina Legal da FCM. Na época, recorda, houveram opiniões de alguns dirigentes da Adunicamp para devolver o HES ao Estado. “O apoio da Unicamp com relação ao HES foi implícito e prevaleceu através do maior órgão representativo da universidade: o Consu”, lembra Romano que apoiou o convênio com o Governo do Estado.

Lair Zambon lembrou a destacada atuação do professor Romano antes e depois da extinção do Departamento de Medicina Legal da FCM. A conturbada extinção envolvia dois docentes, o professor Badan Palhares e o professor Ricardo Molina. Além disso, havia ainda as ossadas de Perus que estavam sob a tutela do Departamento de Medicina Legal. ” Foi um período muito conturbado, mas tudo resolvido graças a Comissão de Perícias, do qual Romano soube integrava e deu toda contribuição para a resolução dos problemas”. Após anos de discussões representantes da Unicamp, Ministério Público, Comissão do Familiares do Mortos Desaparecidos Políticos e da Secretaria de Segurança Pública de SP, as ossadas que estavam guardadas no extinto Departamento de Medicina Legal são transferidas para o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.

Nascido na pequena cidade de Jaguapitã no norte do Paraná, ainda na infância Roberto Romano sua família mudou-se para Marília, no interior Paulista. Graduado em Filosofia pela USP (Universidade de São Paulo) e doutor em Filosofia pela École des hautes études en sciences sociales, de Paris. Escreveu os livros: “Moral e Ciência – A Monstruosidade do Século XVIII”; “O Caldeirão de Medéia”, (São Paulo, Imprensa Oficial); “Cidadania – Verso e Reverso”, (Ed. Guanabara); “Lux in Tenebris” (Meditações sobre Filosofia e Cultura), (Cortez Editora); “Silêncio e Ruído”, (Ed. da Unicamp); “Silence et Bruit”, (Ed. do autor); “Brasil, Igreja contra Estado”, (Ed. Kayrós – 1979); “Conservadorismo Romântico”, (Ed. Brasiliense – 1981).

Caius Lucilius com Gabriela Troian