Administrado pela Unicamp, o Hospital Estadual Sumaré Dr. Leandro Franceschini (HES-Unicamp) foi eleito o melhor hospital público do Brasil, segundo o ranking elaborado pelo Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross), em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), o Instituto Ética Saúde (IES) e a Organização Nacional de Acreditação (ONA). O resultado do levantamento foi divulgado nesta terça-feira (8-11), na sede da OPAS/OMS em Brasília.
A pesquisa identificou as 40 instituições públicas
de saúde que foram consideradas mais eficientes, mais bem avaliadas pelos
usuários e que se destacam pela qualidade e segurança proporcionada aos
pacientes. No total, 136 hospitais públicos do Brasil foram avaliados. Foram
reconhecidos os hospitais públicos com atendimento 100% financiado pelo SUS
(Sistema Único de Saúde). As instituições têm diferentes formatos de gestão e
estão localizadas em 11 estados do país.
Em segundo lugar, empatados, ficaram o Hospital
Geral de Itapecerica da Serra, situado na região metropolitana da Grande São
Paulo, e o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcantara, de Fortaleza, no Ceará. O
terceiro colocado foi o Hospital Estadual de Diadema, que fica na região do
ABCD, na Grande São Paulo.
A relação entre a Secretaria de Saúde de São Paulo
e a Unicamp é um exemplo de sucesso na cooperação das universidades com o SUS.
A Unicamp tem a gestão de dois hospitais da região, em Sumaré e Piracicaba,
além de sete Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs), com resultados
reconhecidos de qualidade e eficiência.
O diretor-superintendente do Hospital Estadual Sumaré, Maurício Wesley Perroud Júnior, avalia que a premiação é resultado de um histórico de sucesso na relação entre a universidade e o estado. “Esse histórico é extremamente relevante e serve como prova de que a iniciativa do estado de delegar a gestão dos hospitais a instituições universitárias como a Unicamp – que são capazes de viabilizar a gestão desses equipamentos através de suas fundações – tem um impacto extremamente positivo na saúde pública”, disse o diretor-superintende.
“Por sua própria natureza, a Universidade é uma
instituição que promove inovação e estimula novas formas de pensar. O espírito
da Universidade não nos deixa acomodados; nos faz buscar, sempre, formas mais
rápidas e eficientes de solucionar um problema”, acrescenta ele.
Perroud diz que, além de levar conhecimento, expertise e assistência, a colaboração com o estado produz importante contrapartida; o acordo transforma essas unidades de saúde em campos de ensino, pesquisa e extensão, que são, segundo ele, três das grandes responsabilidades da universidade para com a sociedade.
Lair Zambon, que esteve à frente do hospital por 12 anos, enfatizou que a conquista é motivo de orgulho e um exemplo a ser seguido, fruto de um amplo esforço coletivo antes mesmo da inauguração da unidade, em 2000. “O HES quebrou paradigmas do serviço público através da sua filosofia de ser intransigente para o bom atendimento à Saúde, na sensibilidade do bem social, na responsabilidade financeira e na formação de pessoas”, observa Zambon.
O primeiro superintendente do HES lembrou que a opção do hospital em buscar uma certificação de Acreditação com três anos de existência causou estranheza dentro e fora da Universidade. “Um ano depois fomos o primeiro hospital público do País a receber a ONA 1 e na sequencia todas as certificações de qualidade. Dessa forma, quero estender meu agradecimento a todos os colaboradores nas diferentes fases do HES e que apostam na esperança de construir um país melhor!”, conclui Zambon.
Ensino e formação de
profissionais
O diretor da DEAS (Diretoria Executiva da Área da
Saúde da Unicamp), professor Oswaldo da Rocha Grassiotto, lembra que o Hospital
Estadual Sumaré funciona há 22 anos. Segundo ele, trata-se de uma unidade
própria da Secretaria da Saúde de São Paulo, administrada desde o início pela
Unicamp, com apoio da Fundação da Unicamp – Funcamp. Dedica-se ao atendimento
regional de média e alta complexidade e está totalmente integrada ao Sistema
Único de Saúde.
De acordo com o diretor da DEAS, o HES é também campo privilegiado de ensino e formação de profissionais de saúde, contando com a participação dos professores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) junto aos profissionais próprios do HES. “A premiação como melhor hospital público do país reconhece a importância desta integração na busca da qualificação de seus processos, assim como atesta a importância de a universidade participar da assistência em saúde como extensão da sua abrangência”, afirma o diretor.
“Esse prêmio é motivo de orgulho e felicidade para a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, pois o HES é um local importante de ensino para os nossos alunos de graduação e médicos residentes, e um campo de atuação que gera pesquisa. Esse reconhecimento é o reflexo de uma seriedade administrativa de muito tempo”, comentou o diretor da FCM, Cláudio Saddy Rodrigues Coy.
Acreditação nível
3
Participaram da seleção os hospitais com
acreditação de nível 3 (excelência) emitido pela ONA ou com certificação de
qualidade plena internacional. A comissão julgadora que avaliou os 136
hospitais públicos do país foi formada pelos representantes das instituições
envolvidas na organização do prêmio (Ibross, OPAS/OMS, IES e ONA) e pela
professora e pesquisadora Mariana Carreira, da FGV-Saúde.
Para estabelecer a pontuação, foram utilizados
critérios como as avaliações dos usuários dos serviços disponíveis no Google
Business, tempo de certificação de cada instituição e cálculo de eficiência
(produção hospitalar em relação aos recursos financeiros empregados), este
último medido em parceria com a Escola de Economia da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais).
“A intenção, com esse reconhecimento inédito, é
estimular que os hospitais públicos brasileiros busquem cada vez mais
aperfeiçoar seus serviços e mecanismos de gestão, ganhando em eficiência,
resolutividade e qualidade à população usuária do SUS”, afirma o presidente do
Ibross, Flávio Deulefeu.
O Ibross é uma entidade nacional representativa das
Organizações Sociais de Saúde (OSS), instituições filantrópicas do terceiro
setor, sem fins lucrativos, responsáveis pelo gerenciamento de serviços de
saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país, em parceria com
secretarias municipais e estaduais de saúde.
Segundo Deulefeu, um dos caminhos na busca pela
excelência é a Certificação de Qualidade Hospitalar, pois se trata de processo
de avaliação contínua, que ajuda na aprendizagem dos profissionais de saúde e
gestão, além de contribuir para a melhoria dos processos internos, com objetivo
de oferecer qualidade na assistência aos usuários.
“Vale ressaltar que os hospitais acreditados já são
serviços que buscam excelência e representam um pequeno grupo de qualidade. São
menos de 400, num universo de 8.870. O IBROSS está destacando os melhores desta
seleção de elite, como forma de reconhecimento e incentivo. Nós desejamos o SUS
que funciona, o SUS de qualidade. Para isso, nossa instituição foi criada”
afirma o Secretário Geral do Ibross, Renilson Rehem.
Hospitais certificados
Em 2021, o Brasil tinha 8.870 estabelecimentos
hospitalares, com 490.397 leitos. De um total de 6.400 hospitais (gerais e
especializados), menos de 400 são acreditados (menos de 6%). Do total de
hospitais certificados, 16,5% (63) são públicos e atendem exclusivamente pelo
SUS.
No Brasil, hoje, são 200 “Acreditados ONA 3” (nível
de excelência). Apenas 34 hospitais públicos mantêm esse último nível de
acreditação. Em relação a distribuição geográfica, observa-se maior
concentração desses em São Paulo, 18 dos 34 (53%). Os demais estão assim
distribuídos: três em Goiás (9%), três no Pará (9%), três no Ceará (9%), dois
em Minas Gerais (6%), um na Bahia (3%) e um em Santa Catarina (3%).
Dos 47 hospitais certificados pelo sistema americano, três são públicos (6%). Dois em São Paulo (67%) e um no Rio Grande do Sul. Dos 75 hospitais pelo sistema canadense, nove são púbicos (12%), sendo 90% em São Paulo, oito dos nove acreditados. Dos quatro hospitais certificados pelo sistema espanhol, um é público (25%).
Tote Nunes com Caius Lucilius