HES emprega técnica inédita em correção de escoliose

Uma equipe de cirurgiões do serviço de Ortopedia e Cirurgia da Coluna Vertebral do Hospital Estadual Sumaré, realizou na última […]

Autor: admin

Uma equipe de cirurgiões do serviço de Ortopedia e Cirurgia da Coluna Vertebral do Hospital Estadual Sumaré, realizou na última sexta-feira (13-07), a primeira cirurgia do Interior do Estado, para tratamento de escoliose idiopática em adolescente com o emprego de um equipamento de navegação cirúrgica de última geração. Neste equipamento, um computador acompanha a manipulação de instrumentos e implantes realizados pelo cirurgião na parte da coluna da paciente operada. A cirurgia bem sucedida corrigiu uma curvatura de 60 graus para 20 graus, durou cinco horas e a paciente, uma criança de 13 anos, moradora de Sumaré, passa bem e deverá receber alta esta semana.

A tecnologia de última geração, que só é usada em centros de referência da rede privada e na USP, permite à equipe de cirurgiões, localizar e atuar com precisão no local através de imagens 3D da coluna realizadas por tomografia computadorizada. Com isso, explica um dos responsáveis pelo procedimento, Antonio Alexandre Ferreira, a inserção do parafuso de fixação na vértebra fica mais preciso e reduz o tempo cirúrgico, trazendo mais beneficio para o paciente e diminuindo os riscos de complicação. Com a tecnologia, as complicações do procedimento são minimizadas por testes neurofisiológicos intra-operatórios (MNIO) que ocorrem durante a cirurgia, o que reduz os índices de paraplegia de 1% para 0,1%.

De acordo com o ortopedista especialista em coluna, a escoliose é o desvio lateral da coluna vertebral, sendo a mais deformante das patologias ortopédicas, sobretudo quando há envolvimento da caixa torácica que deforma as costelas, modifica o comportamento postural e ainda pode comprometer as funções respiratórias nos casos mais graves. Segundo ele, a escoliose idiopática do adolescente é muito mais freqüente em meninas do que em meninos (cerca de 6 vezes). O tratamento cirúrgico de escoliose, diz, está indicado nas curvas acima de 40º e evoluiu nos últimos anos, melhorando o índice de correção das curvas deformantes na coluna vertebral devido à evolução dos implantes de fixação e diminuindo as complicações neurológicas com a monitoração neurofisiológica intra-operatória. “A escoliose não possui origem conhecida e os estudos atuais mostram forte relação com herança genética determinada pela presença de vários genes que combinados podem levar dos leves aos graves casos de escoliose”, informa Ferreira. No caso da paciente operada que recebeu 13 parafusos, diz, o grau de deformidade era maior que 50% e a cirurgia vai evitar que o problema aumente.

Conforme o ortopedista o diagnóstico é realizado geralmente na adolescência, quando ocorre o período de maior crescimento e pode ser feito pelo exame clínico e pela radiografia (raio-x). “Muitas vezes, o diagnóstico é feito quando o paciente realiza um raio-x de tórax ou de abdome onde é vista a deformidade”, esclarece o ortopedista. Antes, o método utilizado nas cirurgias para verificação de déficit neurológico era o teste de despertar o paciente acordado durante a cirurgia por superficialização da anestesia e se constatava a presença de movimentação dos membros inferiores, para finalização da cirurgia.

“É evidente que esta tecnologia não substitui a presença do cirurgião bem treinado e familiarizado com o tratamento da escoliose e condições de saber o tipo de deformidade e paciente que está operando”, ressalta outro integrante da equipe, André Melotti. A equipe de cirurgiões do serviço de Ortopedia e Cirurgia da Coluna Vertebral realiza cirurgias de coluna há mais de 10 anos, tendo operado no período mais de 80 pacientes.

Para o diretor-superintendente do HES, professor Lair Zambon, esse tipo de cirurgia de alta complexidade é um importante avanço para qualificação dos serviços prestados pelo SUS. “Mesmo não havendo uma cobertura específica desse tipo de cirurgia com essa tecnologia sempre estaremos realizando o procedimento no hospital”, diz Lair Zambon que acrescenta “É um valioso instrumento para escolher o acesso cirúrgico mais preciso e menos traumático, bem como definir a cada momento da cirurgia, com exatidão, os limites do processo que está sendo abordado”.

O navegador da empresa Micromar, que foi usado no HES, oferece ao cirurgião várias opções tridimensionais de visualização, usando como referência uma imagem de ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Os instrumentais utilizados pelo cirurgião no procedimento são projetados em tempo real através de pequenos sensores sobre os modelos tridimensionais de maneira a auxiliá-lo no planejamento pré-operatório e sua localização durante toda cirurgia. A navegação cirúrgica usa princípios do GPS de satélites de localização.

Caius Lucilius