HES inicia cirurgias de obesidade mórbida

Pacientes com obesidade mórbida contam agora com a estrutura do Hospital Estadual Sumaré (HES-Unicamp), para realizar a cirurgia de redução […]

Autor: admin

Pacientes com obesidade mórbida contam agora com a estrutura do Hospital Estadual Sumaré (HES-Unicamp), para realizar a cirurgia de redução de estômago (Bariátrica) através do SUS. As cirurgias começaram em fevereiro e atendem prioritariamente pacientes da microrregião de abrangência do HES. Todos os pacientes fazem parte do Ambulatório de Obesidade do HC da Unicamp e até agora 10 pessoas foram operados.

A iniciativa é resultado de uma parceria com o Hospital de Clínicas da Unicamp e tem por finalidade reduzir o tempo de espera pelo procedimento. Até então, o HC era único a oferecer o atendimento pelo SUS na região. Atualmente, a equipe médica responsável pelo procedimento no HES e coordenada pelo professor Elinton Chain, realiza uma cirurgia por semana, mas a intenção é fazer duas por semana a partir de do mês de abril.

Já o HC realiza em média, duas cirurgias por semana e a fila atual é de cerca de 2 mil pessoas. Com a entrada do HES, o tempo de espera, que poderia chegar a dez anos, terá uma redução expressiva. “Nossa prioridade são os pacientes da microrregião de nossa área de abrangência (Americana, Sumaré, Hortolândia, Monte Mor, Nova Odessa e Santa Barbara d´Oeste)” , explica o superintendente do HES, Lair Zambon, frisando que a atividade do hospital tende a migrar para as áreas assistenciais com maior demanda.

Segundo Elinton Chain, os pacientes do HES serão obrigados a passarem por um programa disciplinar pré-operatório multidisciplinar, criado no HC da Unicamp e formado por psicólogo, psiquiatra, nutricionista, assistente social, fisioterapeuta e enfermeira além dos médicos. “Quem entra no programa da Unicamp-HES tem que perder 20 % do peso”, afirma Chain.

Para Luiz Carlos José Amado, 35 anos, oitavo paciente a ser operado, a oferta da cirurgia bariátrica em Sumaré representou duas vantagens: ser operado em sua própria cidade e antes do previsto. “Estou na fila da Unicamp há cerca de quatro anos. Não via a hora de operar” , afirmou ontem, pouco antes de descer para o centro cirúrgico. Amado lutou contra a balança a vida inteira. “Já nasci com cinco quilos” , contou, citando que o problema se agravou nos últimos dez anos. Com 1,75 metro, ele chegou a 148 quilos, sem conseguir emagrecer. “Emagrecia cinco quilos e voltava a engordar dez”. Tinha hipertensão, dores nas pernas e joelhos, dificuldade para caminhar, e precisou abandonar até o futebol, sua paixão.

No final de novembro ele começou a participar do Grupo Disciplinar e se esforçou para conquistar o direito à cirurgia: perdeu 30 quilos no período, o equivalente a 19% de seu peso. “Me esforcei, passei muita fome e nervoso, mas consegui”, comemora, lembrando que se conteve mesmo nas festas de fim de ano. “Tive um Natal e Ano Novo magros, comendo basicamente frutas e verduras” , ensina, frisando que com a cirurgia espera “manter o peso sem tanto sacrifício” . Ao perder peso, ele voltou a praticar exercícios. “Entrei numa academia e faço duas horas de exercícios, além de caminhar pelo menos 6 km por dia” , comenta.

De acordo com dados do Ambulatório de Obesidade, a maioria dos pacientes (85%) são mulheres e 92 por cento delas tem entre 20 e 40 anos. De cada dez obesos mórbidos cadastrados, nove são mulheres. Aproximadamente 50% deles são diabéticos e quase 90% têm hipertensão. A faixa etária média é de 35 anos.

Segundo Chain, as mulheres são maioria na fila por diversos motivos, entre eles disfunções hormonais, metabólicas, neurológicas, genéticas e até ambientais. “Outro motivo, não determinante, é a gravidez, onde o ideal seria ganhar até 12 quilos”, destaca.

Aproximadamente 70 milhões de brasileiros – o equivalente a 40% da população – estão acima do peso segundo o IBGE. O número quase triplicou nos últimos vinte anos. Quase 18 milhões de brasileiros são obesos, ou seja, têm um IMC* – índice de massa corpórea maior que 35. Destes, em torno de 5 milhões são considerados “obesos mórbidos”. De acordo com estudos do MS, cerca de 1,2 bilhão de reais são gastos anualmente no Brasil com o excesso de peso e as doenças ligadas a ele.

Estudos realizados nos EUA mostraram que a doença aumenta em até 12 vezes o risco de morte. “A obesidade é uma doença que precisa ser tratada como uma das prioridades pelas autoridades de saúde do país. Precisamos de mais programas de prevenção, para que as pessoas não cheguem a uma situação de nem poderem sair de casa”, diz Chain que acrescenta “A cirurgia bariátrica não pode ser vista como modismo da estética, já que apresenta risco de mortalidade no operatório e pós-operatório”.

O serviço de cirurgia de obesidade mórbida deixou de realizar os procedimentos no HES em 2009.

*IMC = peso (em kg) dividido pela altura (em m) ao quadrado. IMC entre 25 e 30 = excesso de peso. IMC entre 30 e 40 = obesidade. IMC acima de 40 = obesidade mórbida.