HES realiza 1ª neuroendoscopia para tratar hidrocefalia em criança de 10 anos

O Hospital Estadual Sumaré (HES-Unicamp) realizou com sucesso a primeira neuroendoscopia para tratamento de uma hidrocefalia obstrutiva, problema provocado pelo […]

Autor: admin

O Hospital Estadual Sumaré (HES-Unicamp) realizou com sucesso a primeira neuroendoscopia para tratamento de uma hidrocefalia obstrutiva, problema provocado pelo excesso de água no cérebro, além da extração de um cisto aracnóide no meio do órgão. Essa é a primeira cirurgia do gênero conduzido em um hospital público na Região. O procedimento de alta complexidade foi realizado em uma criança de 10 anos, moradora de Pirassununga, que passa bem e receberá alta nesta terça-feira (17-08). A cirurgia demorou cerca de 1 hora e a equipe foi coordenada pelo neurocirurgião Samuel Zymberg, professor da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP).

De acordo com o professor Samuel Zymberg, a hidrocefalia também conhecida como “água na cabeça”, é uma doença que ocorre em crianças e adultos. Trata-se do acúmulo anormal de líquido céfalo-raquiano nos ventrículos cerebrais – cavidades naturais que se comunicam entre si e são preenchidas pelo líquido cefalorraquidiano ou liquor. As causas, diz, podem ser congênitas (malformações) ou adquiridas (infecções, após hemorragias, degenerações). A hidrocefalia congênita está presente em quatro a dez casos para cada 100.000 nascidos vivos e pode se manifestar por causas genéticas e não-genéticas.

Zymberg esclarece que a cirurgia por neuroendoscopia é minimamente invasiva e realizada com uma incisão de apenas 1,5 centímetro na região frontal do crânio, por onde é feito um pequeno orifício no ventrículo cerebral. Através do ventrículo, em um espaço de 6 milímetros, o cirurgião opera um endoscópio com quatro canais e várias funcionalidades como a pinça cirúrgica, a tesoura, o aspirador, o foco de luz, câmera de alta definição entre outras. “O monitoramento da equipe no alvo é total com riqueza de detalhes e precisão. Com a nova abertura que realizamos, o excesso de líquido encontrou uma saída alternativa, fazendo baixar a pressão intracraniana”, informou Zymberg.

Segundo o responsável pela cirurgia no HES, o neurocirurgião Mateus Dal Fabbro, o procedimento tem êxito superior a 90% e cerca de 60 por cento dos portadores da doença podem ser submetidos a esse tipo de procedimento. “A principal vantagem da neuroendoscopia é evitar a colocação de válvulas, material estranho ao corpo que geralmente pode ocasionar obstrução, infecção e mau funcionamento”, esclarece Dal Fabbro. Segundo ele, por causa destas complicações das válvulas, frequentemente o neurocirurgião precisa revisar o componente, submetendo os pacientes a um novo procedimento. “Mesmo aqueles que já possuem válvula, podem ser submetidos à retirada das mesmas após neuroendoscopia”.

Esse tipo de cirurgia de alta complexidade tem um custo estimando em torno de R$ 20 mil nos hospitais privados. “Isto prova que é possível se fazer bom uso da verba disponível no SUS. Os recursos existem e o que se precisa é boa vontade”, atestou o diretor clínico do HES, o neurocirurgião Helder Zambelli, diretor clínico do HES que acompanhou a cirurgia. De acordo com Zambelli, a previsão é ampliar esse tipo de procedimento com novos treinamentos multidisciplinares, já que é uma alternativa considerável para pacientes com essa anomalia. Um equipamento para esse tipo de cirurgia custa em média U$ 25 mil.

Caius Lucilius com Paula Conceição