HES realiza cirurgia inédita de reconstrução do crânio

Após alguns dias em recuperação, recebeu alta a paciente que fez uma cirurgia de reconstrução do crânio (cranioplastia). A paciente […]

Autor: admin

Após alguns dias em recuperação, recebeu alta a paciente que fez uma cirurgia de reconstrução do crânio (cranioplastia). A paciente foi a primeira no Estado a receber uma prótese desenvolvida pelo Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) do Ministério da Ciência e Tecnologia. A nova tecnologia para confecção deste tipo de prótese vai atender pacientes vítimas de acidentes ou que tiveram complicações com AVC. Segundo a equipe médica responsável pela cirurgia, o resultado estético ficou excelente.

A cirurgia inédita foi realizada no último dia 15 de dezembro, pela equipe de neurocirurgia do Hospital Estadual Sumaré, sob a coordenação do médico Helder Zambelli. Essa é a primeira cirurgia feita pelo SUS na Região com a nova tecnologia. O neurocirurgião João Flavio Daniel Zullo conta que optou pelo novo método porque a paciente tem uma falha óssea frontal, provocada após um acidente. “Em uma cirurgia particular, com um ótimo resultado, o custo pode chegar a R$ 100 mil”, comenta Zambelli.

O neurocirurgião explica que o uso de próteses desse tipo é para pacientes que perderam parte da calota craniana. “Antes da nova tecnologia usávamos placa de acrílico e moldávamos a prótese na hora, durante a cirurgia. Tinha um resultado bom, mas por causa disso a cranioplastia durava cerca de duas horas”, esclarece o coordenador de neurocirurgia do HES-Unicamp.

Com o novo método, em que a prótese já vem moldada para os cirurgiões, o tempo de cirurgia cai pela metade. “Além da redução do tempo de cirurgia, há uma menor chance da placa escapar”, explica Zambelli. O crânio da paciente teve que ser aberto porque o tratamento para a redução da pressão intracraniana com remédios não surtiu efeito. “Para fazer a construção disso usava-se um material de modelagem rápida de 15 a 20 minutos, mas não era possível fazer uma prótese com tanto detalhe que tenha aspecto estético satisfatório”, diz Zullo.

A nova prótese é feita com um material chamado polimetilmetacrilato (PMMA). Ela foi modelada com base em imagens de exames feitas pela paciente antes e depois de ter parte do crânio removida. “No dia do acidente ela fez uma tomografia e foi tratada. Depois da operação, fez outra tomografia. As imagens foram usadas para fazer a reconstrução tridimensional de como era o crânio antes e depois do acidente. Com base nessas reconstruções foi feita a reconstrução da falha (no crânio) de forma fidedigna”, detalha.

A nova técnica, diz Zullo, traz uma melhoria estética para o paciente, mas também apresenta outros tipos de ganho. “O tempo de cirurgia cai pela metade e com isso se reduz o sangramento do paciente e os riscos de infecção”, completa. A idéia é que o Sistema Único de Saúde (SUS) possa oferecer uma prótese semelhante àquela oferecida por convênios ou cirurgias particulares.

CTI – O Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) é uma unidade vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e sediada em Campinas. O CTI desenvolveu um software que reproduz de forma tridimensional órgãos que necessitem de tratamento e de cirurgia. Chamado InVesalius, o programa utiliza imagens de ressonância magnética ou tomografia computadorizada para recriar uma cópia em tamanho natural imprensa em 3D em gesso, cerâmica, plástico e metal.

Com a tecnologia é possível reproduzir e ampliar células. A partir da cópia feita com o InVesalius é possível confeccionar próteses e planejar melhor os procedimentos, o que economiza 60% do tempo de cirurgia, aumenta a precisão e diminui riscos durante o procedimento. A tecnologia tem sido especialmente utilizada em cirurgias de reconstituição craniana e facial e para a produção de próteses do osso fêmur, o que melhora a articulação da prótese com a bacia, evita novas lesões e garante mais conforto aos pacientes.

Caius Lucilius

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