HES-Unicamp mantém taxas de cesária abaixo de 35%

Enquanto o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinam que rede credenciada em todo o […]

Autor: Caius

Enquanto o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinam que rede credenciada em todo o País reduza suas taxas de cesariana – atualmente em 85% -, o Hospital Estadual Sumaré já trabalha com índices de parto cesáreo abaixo de 35% há vários anos. Os protocolos foram adotados no HES-Unicamp desde a sua inauguração, em 2000, e reforçados em 2004 com a Certificação de Hospital Amigo da Criança.

Para a médica neonatologista Dulce Zanardi, em função do HES-Unicamp ser uma unidade pública de referência para partos de alto risco, esse índice dificilmente ficará mais baixo. No entendimento de Zanardi, na rede privada são muitos os fatores que reforçam a “cultura” do parto cesário, entre eles diz, a comodidade no agendamento do parto, a dificuldade do obstetra em acompanhar o trabalho de parto e remuneração baixa dos médicos para o parto normal.

A concordância vai de encontro ao que disse a diretora-adjunta de Normas e Habilitação de Produtos (Dipro) da ANS, Flávia Tanaka. “Ressalto também que as taxas elevadas de cirurgias cesarianas no Brasil envolvem questões complexas e causas culturais, estruturais e econômicas. Por isso, não existe apenas uma única solução para essa questão, temos que combinar esforços”, completa. O HES-Unicamp realiza cerca de 2500 partos ano.

Por outro lado, explica Dulce Zanardi, a rede pública sempre esteve envolvida em campanhas educativas para as gestantes sobre os benefícios do parto normal. Segundo Zanardi para garantir a saúde e a segurança da mulher e do bebê é preciso que o trabalho de parto seja acompanhado por profissionais com competência técnica suficiente para dar apoio e acompanhar a gestante durante o trabalho de parto.

“São esses profissionais que ao identificar que esteja ocorrendo alguma dificuldade para que o parto ocorra de modo seguro, acionam o médico obstetra para que passe a conduzir o trabalho de parto e pode vir a indicar a cesariana, se achar que esta é a melhor opção de parto para aquela gestante”, enfatiza Zanardi.

A neonatologista do HES-Unicamp alerta que a cesariana, quando não tem indicação médica, ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê: aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Aproximadamente 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados a prematuridade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal seria que apenas 15% dos partos fossem cesáreas. Médicos dizem, porém, que esse índice não é praticado nem em países com sistemas de saúde considerados como modelo, como a Inglaterra. Lá, o índice é de 22% e em locais onde menos de 15% dos partos são cesáreos existe uma maior morbidade materno-fetal.

A OMS propõe que a Classificação de Robson seja usada como instrumento padrão em todo o mundo para avaliar, monitorar e comparar taxas de cesáreas ao longo do tempo em um mesmo hospital e entre diferentes hospitais. Para ajudar os hospitais na adoção da Classificação de Robson, a OMS irá preparar e divulgar um manual sobre como usar, implementar e interpretar a classificação de Robson, que incluirá a padronização de todos os termos e definições.

Caius Lucilius